sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Projeto Chaves de Leitura















Escola Estadual Professor Milton de Tolosa

2º Ano do Ensino Médio
Professora
Elza Kasuko Ohira
Sala de Leitura
Professoras
Francislene de Fátima Naves
Sueli C. de Jesus Fagnani
Proposta
Análise do conto “Pílades e Orestes” de Machado de Assis através do diálogo com o conto “Aqueles dois” de Caio Fernando Abreu e o mito grego de Pílades e Orestes, como proposta das videoconferências “Chaves de Leitura” que tem como objetivo orientar a leitura/análise de textos de literatura brasileira e portuguesa e seus vínculos com a literatura clássica.

As atividades seguiram os passos abaixo:
1 – Apresentação do Projeto “Chaves de Leitura” e seus objetivos
2 – Leitura do texto “Aqueles dois” de Caio Fernando Abreu em sala de aula, iniciada pelo levantamento de hipóteses sobre o assunto do conto a partir das possibilidades apresentadas pelo título. A leitura foi feita, com pausa para comentários, explicações, observações a respeito de alguns detalhes da narrativa (como construção das personagens) e suposições sobre o desfecho.
3 – Debate com participação de toda classe sobre as impressões iniciais a cerca do conto e sobre o seu tema – a homossexualidade.
4 – Questões escritas de análise do conto, chamando a atenção para o modo como a caracterização das personagens centrais e o enredo se constroem, e como o tema é abordado levando-se em consideração a época em que o conto foi escrito (década de 70 – século passado).
Atividades – Conto “Aqueles dois” - Caio Fernando Abreu
1 - Faça um quadro comparativo com as características de Raul e Saul.
2 - Observando o quadro, explique o que teria unido os dois e busque no texto trechos que comprovam a sintonia existente entre ambos.
3 - Procure saber sobre Carlos Gardel,Van Gogh e o quadro citado no conto,  Dalva de Oliveira e a música “Nossas Vidas”. Trazer o resultado da pesquisa para ser compartilhado com a classe.
4 - Analisando o sentido e a estruturado seguinte trecho:
“Mas um pouco antes, sem saber por quê, começou a chorar sentindo-se só e pobre e feio e infeliz e confuso e abandonado e bêbado e triste, triste, triste.”
A - Que relação há entre a ideia que o narrador quis expressar e a estrutura da frase?
B - Que importância tem este trecho para a compreensão do desfecho do conto.
5 - O que o autor nos transmite a respeito do relacionamento de Raul e Saul? E dos colegas de trabalho em relação a eles?
5 – Pesquisa sobre elementos do texto, como Carlos Gardel, Van Gogh e Dalva de Oliveira.
6 – Socialização dos resultados da pesquisa – quem foi Gardel, que tipo de música cantava, Van Gogh e sua obra, mostra da ilustração do quadro no conto “O quarto”, audição da música de Dalva de Oliveira, também citada no conto. 
7 – Releitura do conto “Aqueles dois” sob a luz dos novos conhecimentos adquiridos.
8 – Pesquisa sobre o mito grego de Pílades e Orestes. Socialização dos resultados da pesquisa feita pelos alunos. Referência às peças que tratam do tema – “Às Coéforas de Ésquilo e “Electra” de Sófocles – feitas pela professora.
9 – Leitura do conto “Pílades e Orestes”, buscando as referências mitológicas e clássicas (intertextualidade)
10 – Revisão do conceito de intertextualidade
11 – Análise mais detalhada do conto através de questões de estudo do texto – atividade em grupos de quatro alunos.
Questões sobre o conto “Pílades e Orestes” – Machado de Assis

Algumas respostas dadas pelos alunos:

Questão 01.
Faça a caracterização física e psicológica de Quintanilha e Gonçalves.
Quintanilha: rosto redondo, baixo, moreno.  Tinha um ar intelectual e autoritário que o fazia parecer mais velho.  Era uma pessoa carente que tentava ser o melhor para ser amado. Amigo devotado, ingênuo e solitário. Agia como se fosse o pai de Gonçalves.
Gonçalves: rosto comprido, alto, claro. Personagem ambígua, aparentemente frágil, inseguro, que precisava dos cuidados de alguém mais velho, mas que apresenta traços de alguém interesseiro, ganancioso, traiçoeiro.
Questão 02.
O conto é iniciado pela afirmação “Quintanilha engendrou Gonçalves”. Como ocorreu esse processo de engendramento? Conte resumidamente.
Pelo fato de ambos não terem ninguém a não ser a si mesmos e serem amigos de longa data, terem estudado juntos, morado juntos, a intimidade entre eles vai ficando cada vez maior. Nessa relação, por Quintanilha ser mais experiente, acabou assumindo o papel de “pai” de Gonçalves, satisfazendo-lhe os desejos e cuidando de cada detalhe para que o amigo fosse feliz. Então, Gonçalves, sendo assim tão mimado,  acaba se aproveitando do amigo.
Questão 03.
Da dupla Quintanilha e Gonçalves, quem corresponde a Pílades? E a Orestes? Cite um trecho do conto que comprove a sua resposta.
Gonçalves corresponde a Orestes e Quintanilha, a Pílades.  O trecho que nos deixa isso claro é “Orestes vive ainda sem o remorso do modelo grego. Pílades é agora o personagem mudo de Sófocles.”
Além disso, a própria ação e os papéis representados pela dupla de personagens de Machado de Assis nos mostram a correspondência existente entre eles.
Questão 04.
Em que aspectos o conto de Machado de Assis e o mito grego de Pílades e Orestes se aproximam?
As duas narrativas têm suas personagens centrais ligadas por amizade profunda, num grau de intimidade quase que incomum. Seus destinos se interligam e o desfecho de suas histórias tem tudo a ver com essa amizade. Há ainda a questão da ganância, em que as pessoas matam por interesse.
Questão 05.
Em que aspectos se diferenciam?
No mito grego, a história acontece entre familiares e no conto de Machado de Assis, entre amigos.  No primeiro, a relação entre Pílades e Orestes não parece sugerir uma relação homoerótica, considerando-se tambémque para a cultura grega de então a orientação, os ensinamentos e a iniciação sexual feita por alguém mais velho e experiente a um jovem faziam parte da rotina. Noconto, existem indícios de uma relação homoerótica, ou homoafetiva, como podemos verificar, por exemplo, no trecho em que uma vizinha dos dois amigos chega a comentar que eles agem como “casadinhos de novo”.
Questão 06.
Havia lealdade e sinceridade nas ações de João Bastos e Camila em relação a Quintanilha? Justifique.
Não, pois ao que tudo indica, João Bastos se aproveita do luto de Quintanilha para se aproximar do parente, e sendo o único parente a voltar a falar com ele, poderia se beneficiar com isso. A ideia era casar sua filha Camila com Quintanilha. Não parecem inocentes seus elogios à beleza e qualidades da filha.  E Camila parece ter os mesmos interesses do pai.



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