2º Ano do Ensino Médio
Professora
Elza
Kasuko Ohira
Sala de Leitura
Professoras
Francislene
de Fátima Naves
Sueli
C. de Jesus Fagnani
Proposta
Proposta
Análise
do conto “Pílades e Orestes” de Machado de Assis através do diálogo com o conto
“Aqueles dois” de Caio Fernando Abreu e o mito grego de Pílades e Orestes, como
proposta das videoconferências “Chaves de Leitura” que tem como objetivo orientar
a leitura/análise de textos de literatura brasileira e portuguesa e seus
vínculos com a literatura clássica.
As atividades seguiram os passos abaixo:
1 – Apresentação do
Projeto “Chaves de Leitura” e seus objetivos
2 – Leitura do texto
“Aqueles dois” de Caio Fernando Abreu em sala de aula, iniciada pelo
levantamento de hipóteses sobre o assunto do conto a partir das possibilidades
apresentadas pelo título. A leitura foi feita, com pausa para comentários,
explicações, observações a respeito de alguns detalhes da narrativa (como
construção das personagens) e suposições sobre o desfecho.
3 – Debate com
participação de toda classe sobre as impressões iniciais a cerca do conto e
sobre o seu tema – a homossexualidade.
4 – Questões escritas de
análise do conto, chamando a atenção para o modo como a caracterização das
personagens centrais e o enredo se constroem, e como o tema é abordado
levando-se em consideração a época em que o conto foi escrito (década de 70 –
século passado).
Atividades
– Conto “Aqueles dois” - Caio
Fernando Abreu
1 - Faça
um quadro comparativo com as características de Raul e Saul.
2 - Observando
o quadro, explique o que teria unido os dois e busque no texto trechos que
comprovam a sintonia existente entre ambos.
3 - Procure
saber sobre Carlos Gardel,Van Gogh e o quadro citado no conto, Dalva de Oliveira e a música “Nossas Vidas”.
Trazer o resultado da pesquisa para ser compartilhado com a classe.
4 - Analisando
o sentido e a estruturado seguinte trecho:
“Mas
um pouco antes, sem saber por quê, começou a chorar sentindo-se só e pobre e feio
e infeliz e confuso e abandonado e bêbado e triste, triste, triste.”
A - Que
relação há entre a ideia que o narrador quis expressar e a estrutura da frase?
B - Que
importância tem este trecho para a compreensão do desfecho do conto.
5 - O
que o autor nos transmite a respeito do relacionamento de Raul e Saul? E dos
colegas de trabalho em relação a eles?
5 – Pesquisa sobre elementos do texto, como Carlos Gardel, Van Gogh e
Dalva de Oliveira.
6 – Socialização dos resultados da pesquisa – quem
foi Gardel, que tipo de música cantava, Van Gogh e sua obra, mostra da
ilustração do quadro no conto “O quarto”, audição da música de Dalva de
Oliveira, também citada no conto.
7 – Releitura do conto “Aqueles dois” sob a luz dos
novos conhecimentos adquiridos.
8 – Pesquisa sobre o mito grego de Pílades e
Orestes. Socialização dos resultados da pesquisa feita pelos alunos. Referência
às peças que tratam do tema – “Às Coéforas de Ésquilo e “Electra” de Sófocles –
feitas pela professora.
9 – Leitura do conto “Pílades e Orestes”, buscando as
referências mitológicas e clássicas (intertextualidade)
10 – Revisão do conceito
de intertextualidade
11 – Análise mais
detalhada do conto através de questões de estudo do texto – atividade em grupos
de quatro alunos.
Questões
sobre o conto “Pílades e Orestes” –
Machado de Assis
Algumas respostas dadas pelos alunos:
Questão
01.
Faça a caracterização física e
psicológica de Quintanilha e Gonçalves.
Quintanilha:
rosto redondo, baixo, moreno. Tinha um
ar intelectual e autoritário que o fazia parecer mais velho. Era uma pessoa carente que tentava ser o
melhor para ser amado. Amigo devotado, ingênuo e solitário. Agia como se fosse
o pai de Gonçalves.
Gonçalves:
rosto comprido, alto, claro. Personagem ambígua, aparentemente frágil,
inseguro, que precisava dos cuidados de alguém mais velho, mas que apresenta
traços de alguém interesseiro, ganancioso, traiçoeiro.
Questão
02.
O
conto é iniciado pela afirmação “Quintanilha engendrou Gonçalves”. Como ocorreu
esse processo de engendramento? Conte resumidamente.
Pelo
fato de ambos não terem ninguém a não ser a si mesmos e serem amigos de longa
data, terem estudado juntos, morado juntos, a intimidade entre eles vai ficando
cada vez maior. Nessa relação, por Quintanilha ser mais experiente, acabou
assumindo o papel de “pai” de Gonçalves, satisfazendo-lhe os desejos e cuidando
de cada detalhe para que o amigo fosse feliz. Então, Gonçalves, sendo assim tão
mimado, acaba se aproveitando do amigo.
Questão
03.
Da
dupla Quintanilha e Gonçalves, quem corresponde a Pílades? E a Orestes? Cite um
trecho do conto que comprove a sua resposta.
Gonçalves
corresponde a Orestes e Quintanilha, a Pílades.
O trecho que nos deixa isso claro é “Orestes vive ainda sem o remorso do
modelo grego. Pílades é agora o personagem mudo de Sófocles.”
Além
disso, a própria ação e os papéis representados pela dupla de personagens de
Machado de Assis nos mostram a correspondência existente entre eles.
Questão
04.
Em
que aspectos o conto de Machado de Assis e o mito grego de Pílades e Orestes se
aproximam?
As
duas narrativas têm suas personagens centrais ligadas por amizade profunda, num
grau de intimidade quase que incomum. Seus destinos se interligam e o desfecho
de suas histórias tem tudo a ver com essa amizade. Há ainda a questão da
ganância, em que as pessoas matam por interesse.
Questão
05.
Em
que aspectos se diferenciam?
No
mito grego, a história acontece entre familiares e no conto de Machado de
Assis, entre amigos. No primeiro, a
relação entre Pílades e Orestes não parece sugerir uma relação homoerótica,
considerando-se tambémque para a cultura grega de então a orientação, os
ensinamentos e a iniciação sexual feita por alguém mais velho e experiente a um
jovem faziam parte da rotina. Noconto, existem indícios de uma relação
homoerótica, ou homoafetiva, como podemos verificar, por exemplo, no trecho em
que uma vizinha dos dois amigos chega a comentar que eles agem como “casadinhos
de novo”.
Questão
06.
Havia
lealdade e sinceridade nas ações de João Bastos e Camila em relação a
Quintanilha? Justifique.
Não,
pois ao que tudo indica, João Bastos se aproveita do luto de Quintanilha para
se aproximar do parente, e sendo o único parente a voltar a falar com ele,
poderia se beneficiar com isso. A ideia era casar sua filha Camila com
Quintanilha. Não parecem inocentes seus elogios à beleza e qualidades da filha. E Camila parece ter os mesmos interesses do
pai.
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